Rodrigo Sombra
Rodrigo Sombra nasceu em Ipiaú, Bahia, em 1986. Suas fotografias foram expostas em exposições coletivas Brasil e nos EUA. Em 2019, Noite Insular: Jardins Invisíveis, sua série sobre a Cuba contemporânea, foi selecionada em convocatória da revista britânica Paper Journal para ser editado como livro. A publicação seria eleita entre os dez destaques de 2019 em lista de fotolivros elaborada pela revista ZUM. No mesmo ano, Noite Insular: Jardins Invisíveis é apresentada também como exposição individual na Galeria São Paulo Flutuante. Em 2022, Sombra abre a individual “Artifice and Root” no Museu de Belas Artes de Nizhny Tagil, Rússia. Atualmente, ele trabalha numa série composta de imagens inéditas realizadas em sua cidade, Salvador, Bahia. Suas fotografias já apareceram em diversas publicações nacionais e estrangeiras, como It’s Nice That, Fish-eye Magazine, Folha de São Paulo, Der Greif, Paper Journal, Nin, O Globo, Carta Capital, The Heavy Collective e Joia Magazine.
Noite Insular: Jardins Invisíveis (2019)
Realizada após seguidas viagens a Cuba entre 2014 e 2019, totalizando uma imersão de cinco meses, Noite Insular: Jardins Invisíveis explora os estímulos da presença estrangeira na ilha, cada vez mais intensos desde a recente abertura cultural e econômica do país. O fio conceitual que perpassa a série é a ideia de “insularidade”. Ao valer-se desta noção geográfica, salientando a condição de se viver cercado por água, Sombra investiga o modo como os cubanos olham para o que está além de suas margens e explora os efeitos muitas vezes contraditórios da presença estrangeira na ilha. Neste percurso, exprime uma estética de forte apelo geométrico. Com frequência, a base documental de suas imagens se perde em jogos de linhas e sombras que aspiram à abstração. Descortina-se assim a de visão uma Cuba insuspeitada, em tudo avessa às imagens exóticas do turismo ou à grandiloquência da propaganda revolucionária. Não satisfeito em usar a fotografia para ilustrar ideias pré-concebidas sobre os cubanos, Sombra nos estende um convite ao estranhamento. Em suas imagens, veem-se corpos esquivos, frequentemente ensombrados, que nos interrogam sobre o que vemos, e também sobre aquilo que é ocultado. Sua câmera se abre ainda aos signos da cultura popular: símbolos religiosos, tatuagens, logomarcas esportivas e bandeiras estrangeiras, rastros dos novos imaginários a povoar a ilha interior dos cubanos.
Em 2019, Noite Insular: Jardins Invisíveis ganhou uma exposição individual na Galeria São Flutuante, em SP, com curadoria de Regina Boni. No texto de apresentação, o compositor Caetano Veloso destaca o elo entre rigor formal e o real fotografado presente nas imagens de Sombra: “Ao invés de esconder ou congelar as figuras humanas e seus entornos em formalismo frio, tais composições sublinham-lhes o mistério, a sensualidade, o desamparo e o prazer de ser. Sombra revela-se um artista verdadeiro e um observador sensível. A beleza de suas fotos reside na aventura humana de quem capta e de quem é captado. Isso leva quem as vê a pensar mais longe e sentir mais fundo”. Já em ensaio dedicado à exposição publicado no site da revista Bravo!, o professor da UFRJ Mauricio Lissovsky argumenta que com a exposição Sombra “coloca-se um pouco além ou talvez à margem da fotografia moderna do século XX”. Segundo Lissovsky, a sua “fotografia anti-histérica, a etnografia fragmentada e abstrata da ilha de Cuba não se institui apenas pela recusa das piscadelas características da tradição documental moderna. Isso poderia imprimir-lhes apenas a marca de uma negatividade. Há também aqui uma dimensão afirmativa e positiva, que não se resume à objetividade de uma imagem que não pisca. Aqui reside seu maior desafio, pois nos dias que correm, cercadas por milhões selfies que nos enviam biquinhos todos os dias, propõem-se a uma tarefa dificílima: reencontrar na imagem do outro o fundamento de uma nova simpatia. Uma simpatia silenciosa em meio a um tumulto de imagens demasiado barulhentas.”
Esta série fotográfica foi também editada como livro pela revista e editora britânica Paper Journal. Intitulado Insular Night: Invisible Gardens, o fotolivro foi escolhido em entre os 10 destaques do ano pela revista ZUM e exposto no Instituto Moreira Salles-SP.
Links adicionais:
Noite Insular: Jardins Invisíveis
(texto de apresentação por Caetano Veloso)
Imprensa:
Bravo!
(“Os Jardins silenciosos da ilha de Cuba” por Mauricio Lissovsky)
https://medium.com/revista-bravo/os-jardins-silenciosos-da-ilha-de-cuba-37b4c7313535
ZUM
(Crítica: Insular Night: Invisible Gardens)
Paper Journal
(Entrevista: “Rodrigo Sombra – interview)
It’s nice that
(“Rodrigo Sombra’s four-year project explores Cuba’s shifting identity as the island opens up to the world”)
Bob Fernandes
(Entrevista: “Com olhar que dribla estereótipos, Rodrigo Sombra expõe a diversidade de Cuba”)
Nataal Media
(“Insular Night: Invisible Gardens is Rodrigo Sombra’s contemplative gaze on Cuban street culture”)
https://nataal.com/insular-night
Fish-eye Magazine (em francês)
(Entrevista: « Malgré toute l’horreur du monde, de petits miracles se produisent partout, tout le temps »
Fish-eye Magazine (em inglês)
(Entrevista: “Despite the horrors of the world small miracles occur, anywhere, anytime”)
Joia Magazine
(Entrevista: “Rodrigo Sombra retrata una Cuba más allá de sus márgenes insulares”)